Há um assunto que está entalado na minha garganta há algum tempo, mas estava sem tempo e sem cabeça para escrever. Agora que as coisas estão voltando ao normal, resolvi abrir o verbo.

A nova lei estadual que reserva um vagão de trem e de metrô exclusivamente para mulheres é um verdadeiro atestado de incompetência do governo. É certo que algo precisava ser feito em relação aos “tarados de plantão” que adoram andar em vagões cheios para sarrar as mulheres (ô termozinho feio…). Isso é indiscutível. Há que se respeitar a mulher onde quer que ela esteja. Nenhum homem pode simplesmente chegar, se esfregar e sair impune.

Um problema – cultural – é que as mulheres costumam se sentir humilhadas quando são sarradas (é horrível mesmo) e têm vergonha de abrir o bico para reclamar do idiota. Outro problema – também cultural – é que, se uma mulher sai de casa com roupas consideradas “indecentes”, não faltam comentários do tipo “ela está pedindo”.

Já aconteceu comigo quando eu tinha 18 anos. Eu voltava para o trabalho depois do almoço (na época, eu trabalhava em Hotéis Othon, na rua Teófilo Otoni, no Centro do RJ). Estava perto do Ministério da Marinha e, quando virei a esquina da rua Primeiro de Março, um cara veio com a mão cheia e tacou lá! (Para completar, ainda derrubou o sundae que eu estava saboreando que nem criança.) Eu dei um berro alto, me virei e taquei a mão nas costas do infeliz. Dei-lhe um tapão mesmo! Num instante juntou gente, inclusive marinheiros, e eu continuava aos berros: “Seu desgraçado! Vai passar a mão na sua mãe, seu filho-da-p$%&!”

Acho que o infeliz estava bêbado, pois nem se abalou. Na verdade, mal virou para me encarar. Depois eu tive uma crise de choro, mas na hora eu reagi – e reagi com violência mesmo! 🙂

Enfim, tudo isso é para dizer que não é necessário isolar as mulheres, e sim educá-las para reagir (não necessariamente com violência – hehehe) e educar os homens para não abusar das mulheres, nem que seja com uma legislação pesada.

O que não dá é para segregar, isolar as mulheres como se fôssemos culpadas do abuso. Não quero ser tratada como bicho, como doente; quero ser tratada – E RESPEITADA – como mulher!

Se continuar assim, daqui a pouco estaremos partindo para o uso da burka