Amigos…
Posted by Cláudia on 23 Feb 2008 at 01:10 am | Tagged as: amigos, família
Assistir à minissérie “Queridos Amigos”, da Rede Globo, está me fazendo pensar muito nos meus amigos de outrora. Não querendo usar um clichê, mas usando, éramos como uma grande família.
Minhas lembranças de adolescente incluem todos eles: Ana Cristina, Ary Paulo, Eduardo, Fernando, Gilzer, Jorginho, Marcos, Maria Alice, Mário Jorge, Sérgio, Zezinho, Rosângela, Rosemary, Rosilene e Valéria. O grupo era carinhosamente intitulado “turma da praia”, embora não vivêssemos só de praia.
Lembro muito bem das tardes em que nos juntávamos para ir ao cinema. Depois do cinema era batata: pão doce com Fanta Limão na padaria da esquina (nem existia McDonald’s na época). Éramos freqüentadores do Roxy, do Copacabana, do Rian e do Caruso. Uma vez, Marcos e Ary entraram atrasados no cinema, com o filme começado. Gritaram para nos encontrar e acabaram expulsos do Copacabana.
Toda sexta e sábado tinha festinha na minha casa, pois minha mãe era a mais “liberal” (no fundo, acho que ela queria mesmo era me controlar). Os meninos (normalmente Ary, Fernando, Marcos e Sérgio) chegavam na esquina assoviando que nem loucos e eu tinha de descer correndo para abrir a portaria do prédio, senão eles faziam um escândalo de tanto assovio. 🙂 Quando eles chegavam, se a Maria Alice não estivesse lá em casa, eles iam buscá-la (ela morava no mesmo quarteirão, virando a esquina). E ficávamos dançando a noite toda.
Quando houve a primeira queima de fogos de Reveillón na praia de Copacabana (nem me lembro em que ano foi isso), nossos pais sentaram em uma mesa do Alcazar de manhã e só saíram na madrugada do dia seguinte (houve um revesamento para banho e refeições, claro). Antes de sair, fizeram uma pilha de bolachas de chopp e marcaram a altura, escrevendo o ano no pau da barraca (antigamente, os bares da Av. Atlântica tinham barracas, e não tendas, como hoje). Nos anos seguintes, a meta era superar a marca de bolachas de chopp do ano anterior.
Durante os anos de amizade-família, também houve tragédias. O pai da Ana Cristina e do Ary sofreu um acidente na saída do túnel aqui perto de casa (até hoje tenho trauma de atravessar ali porque penso sempre nele) e passou por várias cirurgias até voltar a andar. A mãe do Fernando faleceu e ele teve de ir morar com o pai, que era separado da mãe. Rosângela engravidou do namorado (para a família dela, isso foi uma tragédia). Valéria também faleceu, nos deixando com um buraco de saudade no peito.
Lógico que houve muito namorico, paixonite, intriga, fofoca, rompimento, inimizade, briga etc., mas o que ficou MESMO foi a saudade de tempos em que não nos preocupávamos com nada, nem mesmo em usar filtro solar: nos expúnhamos ao sol – e à vida – com a leveza de quem tem a alma livre. Sinto falta disso…
Que post lindo! A propósito bem mais inspirador do que a série (que também é boa).
Ainda a pouco o bando de jovens que se droga aqui no beco da rua começaram a soltar morteiros que não entraram por uma janela por sorte e agora vejo este post.
Foi inevitável pensar que os jovens de hoje estão condenados, mas é tolice.
Acontece que sempre houve jovens assim. Lembro dos que assaltavam os entregadores de pizza no Bairro Peixoto.
Aqueles jovens hoje são adultos fracassados que não tem condição de acessar a Internet ou, se tem, estão ocupados entre os esquemas de corrupção que devem organizar já que são incapazes de fazer dinheiro de outra forma.
Raiva. Ela atrapalha a nossa percepção. Tenho certeza de que há milhões de jovens hoje como os jovens que você e eu fomos. Chato é eu ter dado azar de um grupo daquele pior tipo de jovem resolver se perder diante da porta do meu prédio.
Desculpe o desabafo aqui, viu? Mas estou no meio de uma seqüência de posts interessantes e não quero entrar nisso lá agora.